O que quero numa relação

14-10-2012 17:34

Quero sentir que fiz e faço parte do que chamamos “nossa vida”, mas sei que sou apenas uma parte dela, a outra és tu. Sei que além da nossa vida em conjunto, existe a nossa vida individual, que já existia muito antes de nos conhecermos, essa conquistámos ao nascer. Não pretendo perder a minha individualidade muito menos fazer-te perder a tua. És tu, sou eu e somos nós. Não pretendo ocupar o lugar da tua mãe, dos teus familiares, dos teus amigos ou amigas. Não quero que te submetas a mim nem eu a ti. Estamos em pé de igualdade, nenhum é superior ao outro. Quero ser única na tua vida mas não a única.

Quero que estejamos juntos quando quisermos mas que saibamos ter tempo para o mundo que nos rodeia e não apenas um para o outro, para que um dia não acabemos a nossa relação e olhemos para trás para perceber o que fizemos de errado, o porquê de não ter dado certo e nos apercebamos que o errado foi precisamente querer fazer tudo demasiado certo. Querer estar demasiado tempo juntos, querer saber tudo um do outro, querer tanto que nos sufocávamos até ao dia em que perdíamos a cabeça por tudo e por nada, apenas porque já não nos suportávamos, porque a pressão era demasiada. Se as coisas não corressem bem era como se o mundo acabasse, e isso seria simplesmente justificado por nos sufocarmos ao fazermos um do outro o nosso mundo, ao perdermo-nos de nós próprios para viver em função do outro, e isso não é amar.

Amar não é viver em função de ninguém que não nós próprios. Ter alguém do nosso lado é um complemento à nossa felicidade e não a felicidade em si. Temos de saber ser felizes sozinhos para sabermos ser felizes ao lado de alguém.

Eu querer estar contigo não significa que renuncio ao mundo que nos rodeia, significa que, de todas as pessoas que me rodeiam, te escolhi para seres especial na minha vida, para me acompanhares na minha jornada mas que todos os outros também fazem parte. Significa que os planos se alteram porque agora já não decidimos individualmente, agora pensamos e decidimos em conjunto.

O segredo da vida em conjunto está na individualidade de cada um. Por isso se queremos que nossa vida em conjunto corra bem temos de preservar a nossa individualidade.

Quero que continues tu próprio e não que mudes para me tentar agradar. Não digo com isto que não possas alterar certos aspectos, mas sim que se o fizeres que seja porque queres e não porque eu te faço sentir obrigado a isso ou que o faças apenas para me agradar. Quero que confies em mim e que sintas que podes partilhar o que quiseres comigo, quero que o faças de livre vontade e que partilhes o que quiseres e não que o faças como uma obrigação.

Quero que nos respeitemos, nos admiremos, nos compreendamos, nos apoiemos, sejamos honestos, confiemos um no outro, falemos quando as coisas não correrem bem em vez de amuarmos cada um para o seu canto ou de discutirmos de cabeça quente. Quero que saibamos ser parceiros e a conversar sejamos capazes de resolver as adversidades, sejam elas grandes ou pequenas. Quero acima de tudo, que façamos valer a pena cada dia que passamos juntos. Que todos os dias mereçamos a companhia um do outro e não nos deixemos acomodar. Que continuemos esta nossa luta para que a nossa relação não caia na monotonia e o que sentimos se apague, e que, se continuarmos juntos, seja apenas por comodismo, por medo da solidão ou por qualquer outro factor que não o facto de realmente querermos estar juntos.

“Relacionamentos só dão certo mesmo, quando ambas partes se comprometem em crescer individualmente e em fazer com que o relacionamento amadureça” – Aline de Campos Canto 

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