Mentalidade e discriminação: grupos exclusivos

07-09-2013 13:12

Este texto é um pouco mais pessoal por se tratar de algo no qual me incluo mas que pode ser aplicado a qualquer outro grupo e a mensagem que pretendo passar é ampla e não é simplesmente sobre o grupo do qual faço parte.

Realiza-se hoje e amanhã o segundo encontro nacional de ruivos no Brasil, encontro promovido e divulgado pelo grupo Ruivos Mania do qual faço parte. Muitas opiniões têm sido lançadas nos últimos dias em relação ao nosso grupo e ao encontro e algumas dessas opiniões levaram-me a escrever este texto para realmente esclarecer o propósito do grupo e dos encontros.

(foto da autoria de Nuñez Virgínia)

Há quem ache que a criação de um grupo exclusivo a ruivos naturais e a participação de encontros só de ruivos naturais é um incentivo ao racismo e à discriminação, não poderia discordar mais. Primeiro não somos superiores a ninguém por termos uma cor de cabelo diferente da grande maioria. Segundo, porque não temos qualquer intenção de discriminar ninguém e muito menos de sermos discriminados, aliás coisa que fomos alvo durante muitos séculos. O grupo e os encontros que promovemos servem apenas para troca de experiências. No fundo somos apenas um grupo de amigos com uma coisa em comum. Não discriminamos ninguém por não aceitar não ruivos ou ruivos pintados no grupo, apenas não se enquadram no tema do grupo. Faria sentido aceitar um músico num grupo de carpinteiros? Pensamento simples e lógico leva-nos a uma conclusão mas quando as pessoas optam por tentar arranjar mil explicações sobre o quão maldosos nós somos por não aceitarmos então certamente que se encontram várias razões a começar pela ignorância dessas mesmas pessoas.

Mais uma vez prevalece a mentalidade que as pessoas têm ao julgar as coisas. Consoante a mentalidade assim a opinião mas independentemente da opinião que outros possam ter, a nossa função não deixa de ser a mesma, permitir que pessoas com algo em comum partilhem experiências, é tão simples assim. Existem grupos amantes de gatos, amantes de carros, fãs de determinadas bandas, fãs dos diversos desportos e poderia continuar a enumerar uma enorme lista. O que é comum em todos esses grupos é que as pessoas que fazem parte desse determinado grupo têm algo em comum e partilham experiências, tão simples assim. O mesmo se aplica ao grupo dos ruivos naturais, não há qualquer incitação à superioridade ou discriminação, apenas partilhamos histórias.

Simplicidade, é isso que precisamos, de ter um pensamento mais amplo e simples, de não procurar um lado errado em tudo, e neste caso não me refiro simplesmente a este assunto em particular mas a tudo em geral. O maior problema da sociedade ainda reside na mentalidade, dizemo-nos de mentalidade aberta e livre mas estamos sempre à procura de ver um lado errado nas coisas. Acho que está mais do que na altura de inverter essa mentalidade, procurar o lado bom das coisas e realmente abrir os horizontes da mentalidade. Em vez de julgar tentar perceber o porquê primeiro, depois ainda que possamos não concordar, tentemos respeitar. “Não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti” Certamente que todos nós já ouvimos algo assim, mas será que aplicamos isso no nosso dia-a-dia? Porque aquilo que maioritariamente vejo é “Não me façam a mim mas que se lixem os outros” Perdoem-me a linguagem mas penso que assim se torna esclarecedora da realidade.

Escrevi este texto não com o intuito de defender mas simplesmente de esclarecer o que é um grupo exclusivo e o que os encontros significam neste caso, para nós, ruivos naturais. Termino dizendo que é óptimo fazer parte do grupo e partilhar as minhas experiências sabendo que os restantes membros percebem o que digo. Lembro que não somos superiores a ninguém, apenas temos uma cor de cabelo diferente e que no fundo somos apenas um grupo de amigos com isso em comum ;)

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