Rotina: estabilidade ou medo de viver?

27-07-2013 13:47

Sentimo-nos meios vazios e afirmamos não saber o porquê quando na realidade nos recusamos a aceitar. Vivemos no modo rotina e tornámos todos os dias iguais. Os dias começaram a perder o brilho e mesmo aquilo que antes nos dava um enorme prazer se tornou algo banal e sem gosto. Entrámos em modo automático e cada dia se tornou apenas mais uma repetição do dia anterior, os mesmos horários, as mesmas tarefas, as mesmas pessoas. Tornámo-nos desprovidos de emoções porque já tudo nos parece igual. Deixámos de ser humanos para nos tornarmos máquinas e vivemos simplesmente em modo repetitivo. Mas até as máquinas são sujeitas a melhoramentos, novas funcionalidades, maior rapidez… e nós? Que melhoramentos fizemos nós durante tantos dias, até mesmo anos, de rotina? Faz falta inovação nas nossas vidas mas deixamo-nos levar pelo medo e cair na rotina torna-se mais “fácil” porque queremos ter total controlo sobre a nossa vida e sobre as nossas emoções.

 

Dizemos que os dias perderam o brilho quando na realidade nós é que nos fechamos e nos recusamos a vê-lo. Cada novo dia está cheio de novas oportunidades, novas experiências e novas emoções, mas quando nos deixamos cair na rotina, os nossos olhos deixam de ser capazes de ver tudo isso. Queremo-nos sentir sempre bem e cair na rotina parece a melhor solução, assim sabemos sempre com o que podemos contar, mas a realidade é que viver todos os dias em repetição deixa de ter emoção. São as emoções que fazem de nós humanos. Não importa aquilo que fazemos mas o que sentimos quando o fazemos.

Fechamo-nos da novidade pois não sabemos o que poderá conter, pode ser algo bom mas também pode ser algo não tão bom assim e por isso preferimos não experimentar. Assumimos sempre a probabilidade de não ser algo bom e deixamos tudo passar-nos ao lado. Se nunca experimentarmos algo de novo então também nunca aprendemos nada de novo.

“Uma pessoa que nunca cometeu um erro nunca experimentou algo novo.” Albert Einstein

Rotina é o que acontece quando nos deixamos dominar pelo medo. O medo da novidade, do incerto, da descoberta. Mas esse medo apenas existe nas nossas cabeças e a qualquer altura podemos ter controlo sobre ele, basta querermos. Viver é sentir. Não sabemos dar valor aos sentimentos bons se nunca experimentarmos os maus. Precisamos de sentir os dois para realmente viver, não podemos querer ter total controlo e viver apenas os sentimentos bons.

“É difícil falhar mas é pior ainda nunca ter tentado ter sucesso.” – Theodore Roosevelt

Como foi hoje o nosso dia em relação aos anteriores? Será que nos deixámos cair na rotina e nos tornamos máquinas ou será que ainda somos humanos?

Quebrar a rotina não significa deixar de fazer tudo o que habitualmente faríamos apenas que acrescentamos algo novo. Em cada dia existem coisas novas mas que nem sempre reparamos pois os nossos olhos estão habituados a ignorar tudo o resto em prol da rotina e já nem reparam quando algo novo surge, por isso para quebrar a rotina nem precisamos de fazer algo de muito especial, por vezes basta prestar mais atenção ao que nos rodeia.

Viver é amar, rir e aprender. Viver é acima de tudo arriscar. Viver também significa ter medos mas aquele que realmente vive não se deixa dominar por eles.

“A derrota não é o pior dos fracassos. O verdadeiro fracasso é não arriscar.” – George Edward Woodberry

Se todos os dias se tornaram iguais qual é o objectivo de continuar a viver? Dizemos ter medo de morrer mas eu acho que o nosso maior medo é mesmo de viver. Nascemos sem saber andar, sem saber falar, sem saber escrever, sem saber nada excepto amar, pelo menos é isso que eu acredito, que já nascemos a saber amar, tudo o resto vamos aprendendo. Cometer erros faz parte, embora eu não os considere erros, para mim são apenas experiências. Caímos várias vezes antes de aprender a andar.

O que diferencia as crianças dos adultos é que enquanto as crianças adoram a descoberta os adultos preferem a estabilidade e fecham-se da novidade. Teoricamente já sou adulta mas usando esta lógica digo com orgulho que sou e serei uma eterna criança.

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